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domingo, 15 de agosto de 2010

Aventuras e desventuras pelo mundo

Esse mês de agosto está muito frio. Fazia tempo que não me sentia tão congelada. Aí o meu pensamento, que é terra de ninguém, faz mil associações, e cheguei a um lugar bem longe e alto, muito alto....
Então, o dia 15 de agosto no Japão é considerado o dia mais quente do ano, e inclusive, a semana toda é feriado por lá.
E voltando no tempo... no dia 15 de agosto de 2005, ainda morávamos no Japão (na verdade, tínhamos chegado no início daquele mesmo ano) e resolvemos escalar o Monte Fuji. Bom, decidimos uns 2 dias antes, Fabio (meu marido) e eu, e conseguimos uma van de excursão pra nos levar até lá, assim, de última hora.



A escalada ao Monte Fuji só é permitida no verão. Sim, porque em qualquer outra época do ano, ele está coberto de neve e o risco de avalanches e acidentes é enorme.
Falemos do Monte. Ele é um vulcão adormecido. Ou seja, a qualquer momento pode entrar em erupção. Que medo!! Confesso, foi uma dose de adrenalina a mais para a escalada. Imagina se o “bicho” resolve acordar? Uuuuuuiiii! Melhor nem pensar.
Preparamos tudo: mochila, casacos, alimentos, água, energéticos, máquina fotográfica e fòlego. Apesar do dia ser o mais quente do ano, lá no topo, a temperatura era negativa. Então tínhamos que levar roupas extras.
Ele tem no total 3886m de altitude e até 2000 e poucos metros podemos subir de van/carro/ônibus. Tem quem escale desde a base, mas, como estreantes de escalada, fomos de van até um ponto e de lá, pegamos um ônibus que nos deixou enfim no início da aventura.



Começamos às 20h. A intenção era chegar no topo a tempo de vermos o sol nascer. Não é a terra do sol nascente? Então, queríamos, naquele dia, ser os primeiros a ver o sol nascendo.
Os primeiros metros são muito fáceis. Você está com aquele pique, adrenalina a mil, descansado, e vai que vai. Na van da excursão conhecemos outros brasileiros que estavam indo também, e acabamos formando um grupo para subirmos juntos.
A subida é feita em “zigue-zague”, afinal, no geral não tinha nenhum alpinista, aliás, essa é uma coisa muito bacana, tem tanta, mas tanta gente, que você olha pra cima, pra baixo e vê aquela fileira de gente, lanternas, parece com uma procissão. Fora que gente de tudo quanto é idade: digamos, dos 8 aos 80.
Pois tudo ia bem, quando a mochila começa a pesar. O pé no coturno parece que não foi uma idéia tão boa, e o ar vai ficando mais difícil.
Há várias paradas ao longo da subida. É muito bom parar pra descansar. Mas na hora de retomar a caminhada, dá vontade de desistir e descer de volta.
Confesso, na metade da subida eu já estava exausta, meus pés estavam me matando, o frio já estava incomodando e o ar, onde estava o maledeto? A cada 10 passos parecia que tínhamos corrido 100km. Ofegantes. Bom, eu muito pior que meu marido... Afinal, sou “a sedentária”.
As paradas para descansar eram cada vez mais freqüentes. E a cada parada a vontade de desistir crescia. O Fabio foi meu suporte, apoio, líder da subida. Se ele não tivesse me passado tanta confiança, não teria subido nem 500m.
Lembro de alguns momentos divertidos no meio do caos... em uma parada, eu queria vestir uma meia calça extra que tinha levado, pois estava cada vez mais frio. Entrei num banheiro, que era um cubículo. Juro que quase entalei ali. O corpo tava duro de frio, então a agilidade, que já não é boa, foi diminuída pela metade. O espaço era mínimo. E ali eu teria que tirar a calça, com aquele monte de blusas que já estava vestida, colocar a meia calça por cima da outra, e recolocar a calça.
Pôoooo, saí ofegante dali, uma aventura à parte. Fora as pancadas que dei nas paredes sem querer, sei lá o que os japas pensaram enquanto ouviam minha luta ali dentro...
Mas tudo bem, deu certo e saí mais quentinha.
Teve uma hora que o Fabio começou a “cantar” igual a uns vendedores de moti (um tipo de bolinho de arroz). Se for comparar, algo parecido com os vendedores de pamonha em cidade do interior ou em bairro de cidade grande... E uma japonesada que já tava bem pra lá de Bagdá só no saquê, começou a cantar junto com ele.... Pausa pra rir muuuuuito.
Continuando... Quando chegamos mais próximos do cume, tem um portal muito lindo, poxa, é realmente reconfortante, você se sente bem-vindo ao lugar sabe? E é uma antecipação da maravilha que te espera logo ali em cima.
E lá eu já botava os bofes pra fora, meu marido apontando láaaaaaaa pra cima que já dava pra ver as pessoas circulando a cratera, e aí juntei o restinho das forças que ainda tinha e consegui chegar no topo do Monte Fuji!!!
Chegamos por volta das 4h da manhã! Exaustos! Congelados!



Lá em cima estava algo em torno de 10 graus negativos, fora a sensação congelante do vento! Como o Fabio costuma dizer, até o catarrinho do nariz ficava congelado... os cílios brancos... de tanto frio! E lá embaixo... algo próximo de 30 graus. Imagina que choque térmico, ainda bem que a subida é demorada, porque do contrário, a transição seria cruel.
Bom, chegar lá no alto foi tudo. Dei graças a Deus de ter suportado as fraquezas.
Arrumamos um canto pra vermos o nascer do sol, sentamos, pegamos umas pedrinhas vulcânicas pra guardar de lembrança (ainda temos, nosso pequeno troféu), e ficamos esperando a natureza dar seu show, que já se iniciava devagarinho... lá embaixo víamos uns lagos vulcânicos, as nuvens, uma imensidão de céu.... uma coisa indescritível.
O sol nasceu lindo. Perfeito. Deslumbrante. Aqueceu os nossos corações. A sensação de superação, de magia, incrível. A natureza em sua magnitude.
Um dos melhores momentos das nossas vidas.





A subida foi árdua, levou 8h de caminhada, mas valeu a pena.
Depois disso fomos dar um “rolê” lá em cima, em volta da cratera (medonha e enorme!!!), além disso lá tem um templo, uma mini agência dos correios, uma lojinha de souvenir.






E... agora tinha o retorno... Ta certo, dizem que pra descer todo santo ajuda. Mas juro: meus pés estavam destruídos dentro do coturno (olha, gente, devia ter ido de tênis). Eu desci como uma lesma. Fabio às vezes dava uma acelerada e me esperava uns metros abaixo. Eu demorei umas 5/6h pra descer. Lá embaixo, ele me deu uma medalhinha que indicava que subimos os 3886m, como uma recompensa.
E de lá da base, olhamos para aquele monstro! Enorme, gigante, mágico.
Superação total! Realização!



Tenho que lembrar disso mais vezes. Engraçado como o cotidiano faz nossas memórias congelarem. Um dia quem sabe, subiremos de novo, com a Isis. De tênis. E se possível com um cobertor a tiracolo.
Claro que é difícil eu recomendar que todos façam essa escalada. Afinal, é do outro lado do mundo. Mas quem tiver a oportunidade de vivenciar isso, independente do lugar, vá.
Montanhas temos milhares ao redor do mundo.
É muito bom superar esse desafio. É muito bom estar lá no topo. Foi fantástico!

7 comentários:

Dani Brito disse...

Rô, que experiência incrível!!! Adorei saber desse seu lado aventureira.
E fiquei aqui pensando...vc deve ter muitas histórias legais sobre esse período que passou no Japão, né?
Depois conta mais pra gente.

Bjos

Tati disse...

Nossa, Rô! Adorei sua aventura, sua satisfação pelo realizado!
parabéns e como a Dani falou...conte mais, conte mais...
bjs, bjs

Eliene Vila Nova disse...

Oi
menina que aventura maravilhosa,acho que vencer desafios,ainda mais com paisagens lindas dessas.
Parabéns pelo blog,excelente.
Uma seman abençoada,beijos

Tati disse...

Oi Eliene,
que ótima visitinha.
Volte sempre!
Adoroooo seu blog.
Bjs, bjs

Daya disse...

Que aventura linda, desafiadora e recompensadora!!!
Se um dia puder, irei lá sim, com certeza, ainda mais que sou apaixonada pelo Japão!!!
bjkas

Lulu disse...

Ro, que máximo!!! Parabéns pelo desafio realizado!

Carla disse...

Nossa Rô, porque não contou isso p gente antes??? Coisa mais lindaaa!!!! O que mais vc esconde da gente???
Como a Tati falu: CONTE MAISSSSSSSSSSS!!!
Beijocas e parabéns pela superação!!!